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um ano depois

agora tenho certeza
era você mesmo rodando
entre sinais crucifixos e anjos
um ano depois
passando em frente ao portão
ao lado das barracas de flores
se acovardando
que não encontraria a alameda
e que não valia a pena voltar
a sentir
um claro desespero
mas foi até lá mesmo assim
e tudo voltou
como um afogado à superfície
um ano depois
não havia nada para perdoar

um ano antes
olhando para os poucos amigos
que olhavam para baixo
enternecidos
agora tenho certeza
era você mesmo escapando
como um diabo foge
algo revirando lá dentro
entre o coração e a garganta
e a infância voltando
como um golpe de chicote
no tempo em que a guerra
começava dentro de casa
para depois ganhar as ruas
você lembra muito bem