o filho do jóquei

acompanhe a nossa história
não há derrota, não há truques
só você consegue entender
olhe para os meus braços
os punhos da camisa dobrados
não há nada nestas mãos
o chicote e as botas no canto
essa é a minha vida
tão parecida com a sua
ainda trago as marcas
e como você mesmo sabe
escondidas embaixo da pele

parecem os mesmos sinais
parecem os mesmos motivos
e é tão fácil escapar
basta virar as costas
basta trancar-se lá dentro
basta viajar de navio
atravessar as montanhas
olhar por cima do muro
e para safar-se do medo
esquecer da última queda
apostar que a vida dá certo
jogar o resto num pulo

prepare-se, meu velho
por hoje o tempo é escasso
ainda um cheiro de alfafa
cocheira, cenoura
e açúcar em cubos
aqui no alto a vida está calma
no fundo, eu sei, você está bem
só mais um pouco de fôlego
parece até brincadeira
agora foi dada a largada
depois do último páreo
podemos voltar a nos ver