
jazz
balanço o molho de chaves na mão esquerda
ao descer a rua em direção ao acaso
e penso na sorte
e nos garotos que travam no asfalto
rompendo vidros de automóveis de luxo
tudo já era assim mesmo naquele tempo
e olho para a garota nua que dança
em frente à janela do apartamento
lançando sua sombra na calçada
continuo descendo até chegar ao bar sem luminoso
a porta fechada guarda um silêncio envelhecido
dou três batidas na madeira com os nós dos dedos
e Bernard me recebe
um belga alto sem sorrisos e sem palavras
encontro todos reunidos em uma mesa para oito
pessoas como eu naquela altura
deveriam se contentar com o isolamento
mas os amigos me convidam
minha ex-mulher e seu novo companheiro
dois outros casais duas garrafas de vinho e os copos
parecem felizes
menos eu que abraço a todos desequilibrado
conversamos sobre as perdas eu e a ex-mulher
seu novo companheiro diz algo que já desapareceu
eu também digo algo que não lembro
ele enfia o punho na minha mandíbula
os dois caem fora enquanto recolho o resto dos óculos
depois sento novamente e preencho o copo
o velho Bóris me olha com resignação
“você mereceu”, ele diz
então vou até o balcão e o Bernard me perdoa
e crava no toca-discos um tesouro do Coltrane
balanço o molho de chaves na mão esquerda
ao descer a rua em direção ao acaso
e penso na sorte
e nos garotos que travam no asfalto
rompendo vidros de automóveis de luxo
tudo já era assim mesmo naquele tempo
e olho para a garota nua que dança
em frente à janela do apartamento
lançando sua sombra na calçada
continuo descendo até chegar ao bar sem luminoso
a porta fechada guarda um silêncio envelhecido
dou três batidas na madeira com os nós dos dedos
e Bernard me recebe
um belga alto sem sorrisos e sem palavras
encontro todos reunidos em uma mesa para oito
pessoas como eu naquela altura
deveriam se contentar com o isolamento
mas os amigos me convidam
minha ex-mulher e seu novo companheiro
dois outros casais duas garrafas de vinho e os copos
parecem felizes
menos eu que abraço a todos desequilibrado
conversamos sobre as perdas eu e a ex-mulher
seu novo companheiro diz algo que já desapareceu
eu também digo algo que não lembro
ele enfia o punho na minha mandíbula
os dois caem fora enquanto recolho o resto dos óculos
depois sento novamente e preencho o copo
o velho Bóris me olha com resignação
“você mereceu”, ele diz
então vou até o balcão e o Bernard me perdoa
e crava no toca-discos um tesouro do Coltrane