aurora

aonde você
está indo, Luísa, com essa cintilante arma
na mão?
considera as confissões sopradas sob o vão
da escada,
seu olhar ainda cochila sobre o meu colo

haverá lugar que nos acolha após o último
fracasso?
Ducasse também me feriu o peito
e me sugou
mas de tudo o que vi, nada se deteve
como sua face

deixa que eu traduza a sua mais nova
palavra
todo ser é incomparável, assim como
a poesia
faça de conta que a dor é também
bálsamo

quando o verdadeiro frio chegar, cobre
sua tez
com as mãos que eu lhe dei e pergunta
à sua mãe
se não houve entre nós um segundo
de felicidade