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o azul da tarde

nada mais faria diferença
a tarde dizia adeus à cidade
afastando-se do ouro
encostando-se num suave tom azulado
como que acompanhando
meus próprios passos
meio metro acima da calçada
para depois
suportar o peso do azul
absoluto
sobre a face da terra

nada mais faria diferença
depois da sala de cinema
a garota
com lábios e ancas e seios
mais belos do que toda a sua vida
com seu jeito de mover-se
dentro da própria exatidão
sem equilibrio
com seu jeito de amar e deter
um grito
dentro do próprio silêncio